Acabei de fazer meu perfil no twitter, mas não é disso que quero falar. Dia 30 de junho, terça-feira, momentos antes de me ver escrevendo sobre Transformers 2 e racismo, presenciei o que se ocorrido a pouco mais de um ano atrás seria talvez a maior alegria da minha vida. Estou falando do mais recente episódio da série policial de TV Law & Order: Special Victims Unit transmitido para o público brasileiro. No ar há 10 anos, é desde 2005, quando a descobri, que Law & Order SVU tem sido minha série preferida. Seguindo o mesmo de padrão de qualidade irredutível de sua ‘genitora’ (a Law & Order original, que chega na 20ª temporada sem previsão para cancelamento), os roteiristas de Special Victims, porém, se diferenciaram ainda mais das demais séries. Tornando assim Law & Order SVU uma série ímpar, e no meu conceito, icônica, os responsáveis pelas tramas dos episódios se aprimoraram em sempre surpreender o espectador com alguma reviravolta no terceiro ato de cada episódio. É isso que faz a série ser a minha favorita (além, obviamente, de todos seus diversos outros méritos que divide com Law & Order). Como quem costuma ler meus textos já deve ter notado, a surpresa é para mim o principal elemento para se entreter dentro das mídias audiovisuais (me refiro à televisão e ao cinema principalmente), principalmente em se tratando de investigações/mistério, e haver a chance de ser surpreendido toda semana, cada vez de um modo diferente, é uma dádiva que aprecio todas as terças-feiras às 23h no Universal Channel (que não por acaso é o canal com maior audiência em minha casa).
E este último episódio de que estou falando me surpreendeu muito mais que o normal.
Um detalhe sobre meu gosto musical que parei de comunicar (mas voltarei) é o fato de eu ter sido um grande fã da cantora americana Hilary Duff. Desde que ganhei seu primeiro álbum de presente dos meus tios foram passar as férias nos EUA, virei fanático por ela. Isso faz tempo. Deve ter sido por volta de 2003. A popstar ainda não era conhecida no Brasil, e fui cada vez mais fundo em sites estrangeiros para saber sobre sua carreira musical. E lá pelas tantas descubro que ela também era atriz, e que já havia um filme seu nas locadoras. Vi o filme, que era Lizzie McGuire: Um Sonho Popstar. Invariavelmente descobri o filme se tratar da extensão cinematográfica de uma série de TV homônima da Disney, na qual Hilary protagonizava. Finalmente em 2005 seus CDs e o único DVD de show chegaram às lojas, e desde então a imagem de Hilary Duff se popularizou no país. Acompanhei o crescimento de seu sucesso até o álbum Dignity. 2006 se não me engano. Foi um choque. Botei o CD no aparelho de som, ansioso por ter música chegando ao meu ouvido na voz linda daquela que era minha maior musa. Primeira faixa. Tudo bem, um mal começo, todos tem esse direito. Segunda faixa, um tropeço, desconsidera-se. Terceira faixa, quarta faixa, quinta, sexta, sétima... Não sei se chorei, mas tenham certeza que uma parte da minha alma morreu ali. Dentre todas as músicas, havia apenas uma que eu não consideraria péssima, mas medíocre. Os acordes de guitarra e teclado, o fundo de baixo, e a bateria bem ritmada deram espaço aos já convencionais efeitos sonoros da música tecno. Não que música tecno, rave e derivadas sejam ruins. Pelo contrário, se bem utilizadas, geram ótimas composições. Infelizmente não foi o que ocorreu em Dignity. Não havia mais aquelas divertidas melodias criadas especialmente para a doce voz da garota texana que apareceu na Disney e conquistou fãs em todo mundo. Fiquei abalado, mesmo. Porém, mantive as esperanças. Qual músico não lançou um trabalho ruim? Pensei que Dignity fosse um erro a ser logo reparado. Mas não. Hilary continuou na mesma trilha de estilo musical. E eu continuei frustrado. Também antes disso, ela participou de alguns filmes com única finalidade promover sua carreira musical através do cinema. As historinhas de amor adolescente envolvendo pares românticos famosos dentre o público-alvo contribuíram muito para seu sucesso musical. Fazer sempre o mesmo papel de mocinha bonita, inocente e querida não ajudou em nada sua constituição como atriz, mas nessa época eu ainda a tinha como ideal platônico e não me importava com isso. Ela atuando bem ou mal, eu gostava dela. Dela. Ela. Eu achava que conhecia ela. Não sei o porquê, mas era fato... até o Dignity. Desde o Dignity e então, eu perdi isso. Não conhecia mais ela, não me importava mais com ela, não gostava mais dela. Com o detalhe de eventualmente eu ter uma espécie de recaída e ouvir seguido várias de suas composições antigas (ainda faço isso; trato as duas fazes dela como sendo duas pessoas diferentes). No fundo eu ainda sentia alguma coisa. E isso se comprovou e se tornou mais forte nesta terça-feira.
[Estou chegando ao ponto que pretendia com toda essa introdução.]
Chamar atores desconhecidos para papeis temporários, geralmente de um só episódio, é procedimento padrão em várias séries (eu disse várias? Todas!). Special Victims também o faz, com a diferencial realidade de toda a franquia L&O de Dick Wolf sempre oferecer as melhores atuações de seus artistas convidados, que muitas vezes não se resumem as desconhecidos, e sim a famosos e competentes atores de Hollywood (Julia Roberts, Robin Williams, Alfred Molina são alguns exemplos). A mais recente participação especial de um artista de fora da série em Special Victims foi, aliás, de uma artista: Hilary Duff. E é com imenso prazer que constato que a regra da competência apresentada pelos convidados do show continua valendo. Hilary Duff realiza sem a menor sombra de dúvida seu melhor desempenho frente às câmeras. Finalmente está provado que ela sabe atuar (e como!)...
...Confesso que nunca duvidei disso, mas pelo menos ate agora não havia como provar essa verdade. Não faço idéia de como vão seus trabalhos na área musical. Acho que ainda estou muito temeroso para conferir. Mas nesse meio tempo minha alma voltou a ficar em paz, pois, se Hilary ainda não voltou a cantar como antes, no momento ela atua como nunca e espero que de agora em diante esta celebridade possa enfim ser reconhecida como a ótima atriz que tem a capacidade de se tornar.