Eis uma análise que fiz sobre o conto Antes do Baile Verde, da escritora Lygia Fagundes Telles. Esta é a primeira postagem do que pretendo transformar em uma série sob o título de 'Interpretação'. (recomendo que leiam este artigo após a leitura do conto)
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Aqui, Lygia Fagundes Telles descreve a conversa entre duas mulheres, uma branca e uma negra, que se preparam para uma noite carnaval intitulada Baile Verde. Demora um pouco, mas logo constatamos que uma (a negra) é empregada da outra.
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Mas as duas não aparentam ter uma relação de mera formalidade (entre patrão e empregado), mostram-se amigas. Eis então que a patroa, chamada Tatisa, está preocupada em terminar de colar as lantejoulas na sua fantasia. Logo, pede a ajuda da empregada, Lu - que por sua vez diz se preocupar em deixar o marido Raimundo bravo com sua demora.
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Conversa vai, conversa vem, e ficamos sabendo que o pai de Tatisa está muito doente, aliás, em seus últimos dias. E da metade do conto para o fim, as duas mulheres ficam nesse assunto.
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Lu diz que o velho não passa dessa noite, mas Tatisa teima em não acreditar. Os diálogos entre as elas ficam desse jeito: Lu se concentra em terminar o vestido da patroa, colando as lantejoulas, e avisando que Raimundo ficará raivoso; Tatisa diz que elas têm tempo, e a cada fala, enquanto Lu tenta descontrair a si e à patroa, falando sobre o carnaval passado (que Tatisa não pôde ir), ela comenta sobre o pai, dizendo que Lu tem de estar errada a respeito da saúde do velho.
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Além disso, não há muito a ser dito. A não ser a insistência de Tatisa em pedir que Lu fique com seu pai esta noite, mas Lu diz que jamais perderia o Baile Verde – nem para ficar com o próprio pai.
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O que pode ser concluído? Não tenho certeza. Provavelmente muito mais do que o conto aparenta nos dizer. Minha resolução é que se trata de uma crítica ao comodismo da vida dos mais abastados da sociedade. Pois a autora constrói as falas das duas personagens de modo a mostrar que Tatisa é muito mais frágil que Lu. Percebe-se isso quando o assunto do pai entra em jogo. Lu diz que passou no quarto do velho, e afirma que ele não passará daquela noite; já Tatisa reclama dizendo que não. E não apenas diz que não, ela, a cada fala, quando Lu já tinha até passado a conversa adiante, ela volta atrás, falando que Lu só poderia estar errada. Isso demonstra a fraqueza emocional de Tatisa.
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Outros dois fatos interessantes, e relevantes, a serem notados são:
Primeiro - Tatisa não ter ido ao último carnaval, afirmando ter estado doente na ocasião. Talvez seja por isso que ela insista tanto para Lu ficar com seu pai – e conseqüentemente perder o Baile Verde. Uma atitude retardada de vingança (inveja seria um termo melhor). O que prova sua imaturidade como pessoa.
Segundo – Lu comentar, com vigor, que não perderia o baile nem pelo próprio pai.
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Esses dois fatos reforçam minha teoria sobre real intenção da autora neste conto.
Aqui, Lygia Fagundes Telles descreve a conversa entre duas mulheres, uma branca e uma negra, que se preparam para uma noite carnaval intitulada Baile Verde. Demora um pouco, mas logo constatamos que uma (a negra) é empregada da outra.
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Mas as duas não aparentam ter uma relação de mera formalidade (entre patrão e empregado), mostram-se amigas. Eis então que a patroa, chamada Tatisa, está preocupada em terminar de colar as lantejoulas na sua fantasia. Logo, pede a ajuda da empregada, Lu - que por sua vez diz se preocupar em deixar o marido Raimundo bravo com sua demora.
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Conversa vai, conversa vem, e ficamos sabendo que o pai de Tatisa está muito doente, aliás, em seus últimos dias. E da metade do conto para o fim, as duas mulheres ficam nesse assunto.
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Lu diz que o velho não passa dessa noite, mas Tatisa teima em não acreditar. Os diálogos entre as elas ficam desse jeito: Lu se concentra em terminar o vestido da patroa, colando as lantejoulas, e avisando que Raimundo ficará raivoso; Tatisa diz que elas têm tempo, e a cada fala, enquanto Lu tenta descontrair a si e à patroa, falando sobre o carnaval passado (que Tatisa não pôde ir), ela comenta sobre o pai, dizendo que Lu tem de estar errada a respeito da saúde do velho.
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Além disso, não há muito a ser dito. A não ser a insistência de Tatisa em pedir que Lu fique com seu pai esta noite, mas Lu diz que jamais perderia o Baile Verde – nem para ficar com o próprio pai.
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O que pode ser concluído? Não tenho certeza. Provavelmente muito mais do que o conto aparenta nos dizer. Minha resolução é que se trata de uma crítica ao comodismo da vida dos mais abastados da sociedade. Pois a autora constrói as falas das duas personagens de modo a mostrar que Tatisa é muito mais frágil que Lu. Percebe-se isso quando o assunto do pai entra em jogo. Lu diz que passou no quarto do velho, e afirma que ele não passará daquela noite; já Tatisa reclama dizendo que não. E não apenas diz que não, ela, a cada fala, quando Lu já tinha até passado a conversa adiante, ela volta atrás, falando que Lu só poderia estar errada. Isso demonstra a fraqueza emocional de Tatisa.
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Outros dois fatos interessantes, e relevantes, a serem notados são:
Primeiro - Tatisa não ter ido ao último carnaval, afirmando ter estado doente na ocasião. Talvez seja por isso que ela insista tanto para Lu ficar com seu pai – e conseqüentemente perder o Baile Verde. Uma atitude retardada de vingança (inveja seria um termo melhor). O que prova sua imaturidade como pessoa.
Segundo – Lu comentar, com vigor, que não perderia o baile nem pelo próprio pai.
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Esses dois fatos reforçam minha teoria sobre real intenção da autora neste conto.
Um comentário:
Apesar da Arte ser extremamente flexível, sendo possível infinitas interpretações dela, eu também tive essa impressão.
A pressa das duas, a vontade se ir para a festa é superior aos cuidados do velho enfermo. Mostrando uma superficialidade e falta de consideração. Ou quem sabe o espírito jovem deixando o velho morrer.
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