quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Uma aproximação entre romantismo inglês e heavy metal da Finlândia.

Quem imaginaria que houvesse similaridades entre um poema do século XIX e uma canção de Heavy Metal contemporâneo? Eu.

Em Ode a um Rouxinol, poema escrito em 1817, John Keats descreve o que para ele é a busca pelo seu ideal artístico (o dele mesmo). Através de metáforas, Keats conta o que passa pela cabeça de um poeta em momento de devaneio. E considerando isso, para mim é notável o número de relações se pode fazer comparando o dito poema com a canção “The Escapist”, da banda finlandesa Nightwish, liderada pelo compositor Tuomas Holopainen (autor de todas as músicas).

Ambos os autores utilizaram a figura do Rouxinol em suas obras, e foi esse o elo inicial que me levou a tamanhas comparações.

O Poema e a Letra

Pertencente ao grupo dos poetas românticos ingleses, John Keats descreve em Ode a um Rouxinol o devaneio de um poeta (seu eu-lírico) em busca de inspiração para compor sua obra. Essa inspiração é despertada depois de o poeta ouvir o canto de um Rouxinol na primeira estrofe, onde vemos o poeta em meio à dor e à alegria. A dor do mundo real, e alegria do mundo imaginário, mundo de sonhos:

My heart aches, and a drowsy numbness pains

My sense, as though of hemlock I had drunk,

Or emptied some dull opiate to the drains

One minute past, and Lethe-wards had sunk:

’Tis not through envy of thy happy lot,

But being too happy in thine happiness,-

That thou, light-winged Dryad of the trees,

In some melodious plot

Of beechen green, and shadows numberless,

Singest of summer in full-throated ease

Em comparação, na primeira estrofe de ‘The Escapist’:

Who’s there knocking at my window?
The Owl and the Dead Boy
This night whispers my name
All the dying children

A primeira frase já é um exemplo perfeito da relação entre as duas obras. Enquanto no poema o poeta está entrando em contato com a fantasia provocada pelo canto do Rouxinol-real, na canção é o Rouxinol-símbolo quem está falando (‘quem está aí está batendo em minha janela?’). Ou seja, é o poeta quem está batendo na janela do Rouxinol-símbolo. ‘Está noite sussurram meu nome’ reforça a idéia inicial: alguém está chamando o Rouxinol, alguém está invocando inspiração.

A expressão ‘Dead Boy’ eu não tinha percebido antes, mas logo me dei conta ser uma referência a outra canção de Holopainen: “Dead Boy’s Poem”. O autor afirma que tudo o que ele tinha a dizer sobre o mundo está na letra dessa música. Assim, é fácil constatar que ‘Dead Boy’ seria o eu-lírico do próprio Holopainen. Logo, sua menção em “The Escapist” é mais um indício de que o Rouxinol estaria sendo chamado por um poeta (Holopainen é considerado O Poeta do Heavy Metal). *A letra de “Dead Boy’s Poem” está anexa no final do texto.

‘Dying childrem’ pode ser uma referência à citação de Ruth na penúltima estrofe do poema (chegaremos lá). E é interessante notar que no poema o poeta está na passagem do verão para a primavera, e na canção estamos na passagem do outono para o inverno, como é possível de contatar nas duas primeiras palavras na segunda estrofe da letra:

Virgin snow beneath my feet
Painting the world in white
I tread the way and lose myself into a tale

Indo mais além, podemos interpretar a ‘neve virgem’ como sendo uma alusão aos pensamentos do poeta. É novo material para que o Rouxinol possa trabalhar. Nos dois próximos versos isso fica mais claro, pois em um está se falando em pintar o mundo de branco com a neve, e no outro em ‘se perder em um conto’. O ‘conto’ aí mencionado eu acredito que seja uma referência à mente do poeta. O Rouxinol vai se perder pelos pensamentos do poeta, ao passo que esse o usa como inspiração.

Ligando o final da segunda estrofe¹ com o começo da terceira² através da dupla utilização da palavra ‘fade’, Keats já indica que o poeta está começando a mergulhar na fantasia promovida pelo Rouxinol

¹And with thee fade away into the forest dim:

²Fade far away, dissolve, and quite forget

A própria pontuação já deixa isso evidente. Os dois pontos referem à continuação de uma idéia. ‘Fade’, assim como ‘dissolve’, também pode dar a idéia de incerteza. A sonoridade das palavras em inglês é quase como um sussurro. Essa incerteza, no entanto, está relacionada com a vontade do poeta em continuar na fantasia. Literalmente, ele quer desaparecer ‘em uma remota floresta/ sumir para bem distante, até esquecer completamente’ a angústia de ser um homem (ser, não gênero).

Agora na terceira estrofe¹ e no refrão de “The Escapist”:

¹Come hell or high water
My search will go on
Clayborn Voyage without an end

²A nightingale in a golden cage
That’s me locked inside reality’s maze
Come someone make my heavy heart light
Come undone bring me back to life

A nightingale in a golden cage
That’s me locked inside reality’s maze
Come someone make my heavy heart light
It all starts with a lullaby

De modo inverso, podemos ver o Rouxinol prometendo que, não importa o que acontecer, ele continuará sua busca. A busca sendo, no caso, a busca pela liberdade. Como explicitamente mostrado no refrão, o Rouxinol está ‘preso no labirinto da realidade’. ‘Someone’ seria referência ao poeta. O Rouxinol quer ser resgatado pelo poeta, e o poeta quer o resgatar. ‘Come undone’ significa que o poeta é para vir desfeito, ou seja, ele deve se desligar do seu mundo, e dar vida ao Rouxinol (‘bring me back to life’) - a sensação de sussurro, de fazer silêncio, de se desligar, vista na palavra ‘fade’ de novo se aplica aqui. Algo ainda mais visível no último verso do refrão: ‘It all starts with a lullaby’. ‘Lullaby’ literalmente quer dizer ‘canção de ninar’. O bom senso dita que canções de ninar são cantadas em voz baixa, em sussurros. Ao mesmo tempo, com essa frase, o Rouxinol se refere ao canto que do rouxinol-real que o poeta ouviu. Afinal, foi deste modo que o poeta chegou até a ‘janela’ do Rouxinol-símbolo. Também é curioso notar que a relação de idealização entre o Poeta e o Rouxinol é um paradoxo. O primeiro quer se livrar do mundo real e ir ao mundo de fantasia, e o Rouxinol quer se livrar do seu próprio mundo, que é para o poeta o destino desejado.

Já ‘Clayborn voyage without an end’, considerando a referência bíblica (Ruth) mais adiante no poema, pode se referir a insignificância da vida humana. Não só a cultura judaico-cristã, como outras, há na argila um forte simbolismo. Focando na Bíblia, até onde sei, Adão foi feito de argila. Logo, ‘Clayborn voyage’ pode se referir à jornada de vida do Humano, enquanto que ‘without an end’ pode significar dois conceitos diferentes: ou remete à já dita insignificância da vida humana (vai acabar um dia, então para que continuar vivo?); ou, justamente ou contrário, com ‘without an end’ o Rouxinol pode estar dizendo que ainda há muitos mistérios que a humanidade ainda não descobriu sobre si mesma.

Então, uma vez se desligando da realidade, na quarta estrofe o poeta finalmente se entrega à fantasia:

Away! away! for I will fly to thee,

Not charioted by Bacchus and his pards,

But on the viewless wings of Poesy,

Though the dull brain perplexes and retards:

Already with thee! tender is the night,

And haply the Queen-Moon is on her throne,

Cluster’d around by all her starry Fays;

But here there is no light,

Save what from heaven is with the breezes blown

Through verdurous glooms and winding mossy ways.

Entre outras constatações, o poeta fala que, depois de se juntar ao Rouxinol, está em um lugar escuro. A escuridão pode ser interpretada de duas formas. Um lugar sem luz sempre nos dá medo. Temos medo do desconhecido. Por outro lado, principalmente considerando o contexto do Romantismo em que Ode a um Rouxinol está incluído, a Noite é encarada de forma idealizada, romântica mesmo (ligado ao desejo de Morte ideal dos poetas da época). Assim, a escuridão em que se encontra o poeta é ambígua. Pode representar tanto o Desconhecido que amedronta, quanto aquele que fascina. A evocação da Noite remete à primeira estrofe da canção, em que o Rouxinol diz ‘This night whispers my name’.

Além disso o primeiro verso dessa quarta estrofe do poema rima completamente com o último da quarta estrofe da canção (coincidência serem ambas a quarta estrofe?):

Journey homeward bound
The sound of a dolphin calling
Tearing off the mask of man
The Tower my sole guide
This is who I am
The Escapist, paradise seeker
Farewell now time to fly
Out of sight, out of time, away from all lies

O poeta exclama ‘Away! Away! For I will fly to thee’, ao passo que o Rouxinol canta ‘Now time to fly/ Out of sight, out of time, away from all lies’.

Ainda na canção, é possível fazer várias interpretações. ‘Journey homeward’ é uma curiosa escolha de palavras. O Rouxinol canta como se quisesse voltar para casa. De certa forma isso vai contra a construção interpretativa feita até agora, de que o Rouxinol queria ir embora de seu lar. Porém, isso não invalida nada da relação feita entre Ode a um Rouxinol e “The Escapist”. Deste modo, podemos ter uma idéia mais clara da citação ‘Lethe-wards had sunk’ na primeira estrofe do poema. ‘Lethe’ é um dos rios que passam pelo submundo da mitologia grega, o reino do deus dos mortos, Hades. Então, a conclusão que tiro disso é a seguinte: o Rouxinol representa a inspiração do poeta. Na primeira e na segunda estrofe vemos que o poeta chega até o Rouxinol-símbolo através da bebida. Some a isso a citação do rio ‘Lethe’, e veja na canção que o Rouxinol está cantando que se encontra em uma gaiola dourada (‘preso no labirinto da realidade’), e não creio que seja ilógico imaginar que o poeta estava há tempos sem inspiração. Por quê? Por que o Rouxinol é a inspiração daquele poeta. O pássaro não significa a inspiração dos poetas, dos artistas, e sim a inspiração só daquele poeta, daquele artista. Ligando os pontos, é isso que eu consigo montar na minha cabeça. Keats fala de um poeta que estava há muito tempo sem escrever, e por isso bebia. Bebia para tentar se encontrar com sua inspiração novamente. No entanto, a bebida apenas atrapalhava o processo. Tanto é que foi somente após acordar da embriaguez que o poeta começou a divagar. Ele foi desperto por um rouxinol que cantava ali perto, no que começou a se referir à Inspiração como na forma de um Rouxinol.

Dessa forma, a comparação entre Ode a um Rouxinol e “The Escapist” se enriquece ainda mais, pois se torna dupla. O Rouxinol tanto representa Inspiração, quanto a Morte. No último verso da primeira estrofe do poema, Keats fala que o Rouxinol canta de forma tranquila, doce (‘Singest of summer in full-throated ease’). E no segundo verso da sexta estrofe, ele se refere à Morte como algo tranquilo (‘I have been half in love with easeful Death’). Tal dualidade é comprovável, uma vez que Keats se afastou da Poesia durante uma fase de sua vida, justamente por se ver consumido por ela.

Voltando à música. A menção ao golfinho (‘dolphin calling’) pode ser quanto ao desejo do Rouxinol de liberdade, visto que o golfinho é geralmente relacionado à harmonia, natureza. ‘Tearing of the mask of man’ é mais uma alusão a fazer o poeta sair da realidade e entrar na fantasia. ‘The Tower’ eu não sabia o que poderia significar, até que descobri que, no Tarô, a carta da Torre representa mudança ou desastre. Podemos, de novo, ver uma referência dupla. O desastre seria a morte do poeta; a mudança, a volta da inspiração. ‘The Escapist’ remete diretamente a uma característica do Romantismo. Alívio, distração, fuga da realidade através de devaneios. O que mais estaria fazendo o poeta de Ode a um Rouxinol se não sendo um Escapista? ‘Paradise seeker’ só fortalece a idéia.

Seguindo no poema, na estrofe seis o poeta se dá conta das consequências da morte:

Darkling I listen; and, for many a time

I have been half in love with easeful Death,

Call’d him soft names in many a mused rhyme,

To take into the air my quiet breath;

Now more than ever seems it rich to die,

To cease upon the midnight with no pain,

While thou art pouring forth thy soul abroad

In such an ecstasy!

Still wouldst thou sing, and I have ears in vain

To thy high requiem become a sod.

O ‘alto réquiem’ se torna um ‘gramado’. A emoção contagiante (‘ecstasy’) não mais tem o mesmo efeito. E lembrando que réquiem é uma peça musical tendo a Morte como temática, fica evidente que o poeta não quer morrer.

Na sétima estrofe ele se despede do Rouxinol enquanto representação da Morte, e finalmente chegamos às citações bíblicas:

Thou wast not born for death, immortal Bird!

No hungry generations tread thee down;

The voice I hear this passing night was heard

In ancient days by emperor and clown:

Perhaps the self-same song that found a path

Through the sad heart of Ruth, when, sick for home,

She stood in tears amid the alien corn;

The same that oft-times hath

Charm’d magic casements, opening on the foam

Of perilous seas, in faery lands forlorn.

Se na estrofe seis o poeta começa a se dar conta das consequências de morrer, aqui na estrofe sete ele decididamente dá adeus ao Rouxinol, alegando o canto do mesmo ser inalcançável para homens. Entre outras citações para enfatizar a distância do Rouxinol, o poeta fala ‘Through the sad heart of Ruth’. Ruth é a tal personagem bíblica que, aliás, dá nome um dos livros do Antigo Testamento, e, literalmente significa ‘alegria’. Logo, Ruth pode ser relacionada à primeira estrofe de “The Escapist”: “All the dying childrem”. Mas é claro que para isso acontecer é necessário entender o contexto em que a personagem de Ruth se encontra na Bíblia. Devido à falta de comida, ele fugiu de casa. Ou seja, ela precisava de ajuda. Da mesma forma que o poeta precisava de ajuda no início do poema (onde estava a Inspiração?), igualmente ao próprio Rouxinol, que lamenta sua solidão.

(Evocando a superinterpretação, o fato da história contada no Livro de Ruth se passar no período dos Juízes em Israel poderia ser talvez relacionado à Crítica da Faculdade do Juízo de Kant, mas eu definitivamente não me arrisco).


Enfim, chegamos na oitava e última estrofe, em que o poeta acorda de seu devaneio:

Forlorn! the very word is like a bell

To toil me back from thee to my sole self!

Adieu! the fancy cannot cheat so well

As she is fam’d to do, deceiving elf.

Adieu! adieu! thy plaintive anthem fades

Past the near meadows, over the still stream,

Up the hill-side; and now ’tis buried deep

In the next valley-glades:

Was it a vision, or a waking dream?

Fled is that music: - Do I wake or sleep?

Detalhe relevante é a utilização da palavra ‘forlorn’. Se Keats repetia ‘fade’ nas estrofes dois e três para continuar a mesma linha de pensamento, aqui nas estrofes sete e oito ele faz justamente o contrário. Primeiro ‘forlorn’ quer dizer ‘esquecimento’, e depois ‘desespero’. Mais uma entre tantas dualidades presentes no poema. Keats enche Ode a um Rouxinol de contrastes: Vida e Morte, Alegria e Sofrimento, Efêmero e Eterno... E comparando a canção e o poema é possível notar outro contraste: Inverno e Verão. Simbólicos, claro, representando os dois universos distintos do poeta.

O Poema e a Música

Agora, uma última análise em cima da estrutura e da musicalidade instrumental da canção.

Até os 48 segundos, o volume do som e a complexidade do solo do violino vão aumentando lentamente. O que ouvimos é o despertar do Poeta.

Dos 49 segundos até 1min14seg começa a melodia que irá se repetir várias vezes ao longo da música. É o poeta adentrando no mundo de sonhos. Basta fechar os olhos e se imaginar sendo levado pela música.

1min15seg até 1min28seg: primeira estrofe. É a inspiração do poeta sendo fomentada. O despertar do Rouxinol.

1min29seg até 1min41seg: repete a melodia inicial. É o poeta entrando ainda mais no mundo dos sonhos.

1min42seg até 2min06seg: segunda e terceira estrofes, com o fundo musical aumentando devagar, para enfim estourar no refrão que vem logo a seguir.

2min08seg até 2min35seg: refrão. É o Rouxinol clamando para ser libertado. É o poeta entrando em êxtase criativo.

2min36seg até 3min05seg: intervalo instrumental. Aqui percebemos, bem como acontece com o teclado nos primeiros segundos de música, uma alternância de ordem nos acordes. Ora seguem uma linha rítmica linear, ora abrem em um crescendo. Acontece duas vezes, e na segunda esse crescendo acaba iniciando a quarta estrofe da música.

3min06seg até 3min32seg: quarta estrofe. Nota-se que a vocalista canta de modo muito mais devotado à música que até então, ela se entrega. O poeta se desliga da realidade, e é a vez do Rouxinol entrar em êxtase.

3min33seg até 3min37seg: instrumental. Breve anúncio do despertar do poeta.

3min38seg até 3min44seg: a vocalista canta os dois primeiros versos do refrão começando bem baixinho e terminando bem alto, já emendando o refrão todo novamente.

3min45seg até 4min39seg: repetição do refrão. Agora o refrão é repetido duas vezes, e no final da segunda vez ele é sobreposto em duas vozes. O poeta está despertando para a realidade, o Rouxinol faz de tudo para não ser esquecido, daí a repetição do refrão. A sobreposição de vozes no final simboliza bem o despertar do poeta, pois sua imaginação começa a ficar confusa.

4min40seg até o final: instrumental que contrapõem duas notas, como na introdução, representando a dualidade presente em todo o poema de Keats.

Considerações Finais

Através da explanação de várias passagens tanto do poema de John Keats, quanto da canção de Tuomas Holopainen, creio ter conseguido firmar relevantes pontos em comum entre as duas obras. Keats conta sobre um poeta que buscava sua inspiração. Mas diferente do modo mais convencional de interpretar Ode a um Rouxinol, que toma os versos de Keats como que descrevendo a arte em si, eu vejo o poeta falando de sua própria inspiração. No caso, a busca pelo seu ideal artístico (o ideal de Keats e de mais nenhum), e não uma visão da ‘busca pelo belo’ de modo geral. Completando o quadro, através da minha interpretação, a letra de Holopainen mostra justamente a ‘inspiração buscando um criador’.

Analisada separadamente, “The Escapist” também pode perfeitamente falar de um poeta buscando sua inspiração, como em Ode a um Rouxinol. Porém, botando uma obra ao lado da outra, é fascinante o quanto se completam.

Bibliografia online:

http://www.bartleby.com/101/624.html

http://www.john-keats.com/

http://www.megaessays.com/viewpaper/85703.html

http://mural.uv.es/ewilcan/keatsodes

http://www.online-literature.com/

*Esse texto foi meu trabalho para a conclusão da nota final da disciplina eletiva de Literatura Comparada que cursei no primeiro semestre de 2010. Tirei a nota máxima.

Fênix

Morre e renasce das cinzas.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Insustentável

Sabe quando a última coisa que tu imaginava que pudesse acontecer acontece? Aconteceu aqui. Ainda não consigo acreditar que aconteceu, mas aconteceu.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Claire Messud, Os Filhos do Imperador, e Eu

Vagando pelo Skoob, rede social onde tu marca e classifica os livros que já leu, descobri que a maioria dos comentários referentes a um dos livros que eu mais gostei de ler nos últimos meses era negativa. Vários (váriAs, na real) leram o livro, não gostaram, e foram lá na aba "resenhas" falar mal.

Como explico no texto, não me aguentei e tive que responder - pouco me importava que a resenha mais recente fosse de três anos atrás:

"Com tantas resenhas negativas para esse livro, me vi compelido a escrever uma positiva. Não gosto da ideia de curiosos com a obra ficarem desinteressados depois de lerem tantos comentários falando mal da mesma. Vou contrapor e defender Os Filhos do Imperador.

Primeiro, serei chato, e vou desmerecer a maioria das críticas voltadas ao livro. Quase todas as “resenhas” aqui são comentários curtos e grossos (alguns em caps lock), xingando principalmente a narração, e provavelmente escritos por impulso, logo no momento de seus autores terem finalizado a leitura. Vão me desculpar, mas uma resenha, ainda que não deva ser tão fundamentada quanto uma crítica, certamente é um texto com o mínimo de razoabilidade, e não algo que possa ser cuspido da boca para fora, como se fosse apenas uma frase em uma conversa de bar.

Depois, só li o livro bastante tempo após tê-lo comprado. É basicamente instintivo comigo, eu não penso nisso, mas gosto de dar essa ideia para as pessoas. Sempre que vocês comprarem um livro, esperem um tempo até começarem a ler. É bom porque tira a expectativa de “bah, comprei um livro que parece super legal, gostei muito da sinopse, mal posso esperar para começar a ler!”. Pensar isso é praticamente destruir boa parte das surpresas que o livro aguarda. Evitem fazer isso, sério mesmo.

Enfim, comprei o livro, deixei ele “de molho”, e só o peguei de novo anos depois. Nem li a sinopse – eu comprei ele pela capa, sim, e faço isso constantemente. Comecei a ler, e muito rapidamente fiquei encantado justamente com aquilo que mais desagradou a maioria dos comentadores abaixo: a narração. O modo que Claire Messud encontrou de costurar os sentimentos e os pensamentos de seus personagens, sem soar expositiva demais, é maravilhoso. Ela evita ao máximo começar a descrever o estado de espírito dos personagens com frases do tipo “Então fulana pensou blablabla”. Não. Ela criou uma estrutura de linguagem muito mais interessante que isso. Ela narra cada capítulo referente a cada personagem como se fosse o próprio personagem que estivesse narrando. Só que é simplesmente narração em primeira pessoa (recurso já batido, embora ainda interessante). Messud narra, como narradora onisciente, na mesma linha de pensamento que seus personagens. Fica transitando sutilmente entre um ponto de vista e outro, inteirando o leitor do que passa pela cabeça daqueles personagens, mas sem jamais soar óbvia demais. Provavelmente devido à sutileza com que esse recurso de estilo foi empregado, muitos não se deram conta dele, não compreendendo e muito menos aproveitando a sofisticada narração do livro.

Ou seja, o que cansou e aborreceu alguns na leitura, foi o que mais me animou a continuar lendo. Embora, sim, haja excessos quanto à descrição dos ambientes. Mas não é algo que encaro como necessariamente negativo no processo de leitura. Pelo menos eu ainda me lembro bem de todos os cômodos habitados por Danielle, Marina, Frederick, Murray, e Julius. É não é fácil lembrar da construção imaginária de qualquer espaço fictício. Foram as extensas descrições de Messud que marcaram esses locais na minha cabeça.

E por falar nos personagens, é preciso dizer que raramente encontrei uma galeria de personalidades tão bem construídas e críveis. Todos os personagens são interessantes, e plausíveis. Qualquer um deles você poderia encontrar andando pela rua. E particularmente adorei o fato de não haver um protagonista definido. A narrativa se alterna entre os cinco personagens centrais, mas não se foca demasiadamente em nenhum deles. Aí realmente entra o problema, já citado por uns, de a parte que narra a vida de Julius ser a mais desinteressante. É a mais curta, e a menos desenvolvida em profundidade. São os trechos que menos se destacam durante a leitura, os únicos que eu realmente achei dispensáveis. Julius é um personagem importante, ele é o elo entre Danielle e Marina, mas sua vida poderia ter sido melhor explorada. Spoiler: O modo como seu relacionamento acaba, então, é terrivelmente forçado.

O final da leitura pode parecer súbito e insatisfatório, porém eu o enxergo de outra maneira. Aparentemente a narrativa termina como ela começa: do nada. Entramos na vida dos personagens em determinado momento, e os acompanhamos até outro. Ponto. Na superfície, pode até ser que sim, e o livro funcionaria muito bem dessa maneira (como eu creio que funciona para quem o lê dessa maneira, sem se aprofundar na interpretação da leitura) – e nessa linha a opção de a história citar o 11 de setembro me parece gratuita. No entanto, acredito que a narrativa começa, sim, do nada, mas acaba em outra ponta, totalmente diferente. O ideal seria que o 11 de setembro nem fosse mencionado na sinopse, e que o leitor fosse surpreendido com aquele final drástico. Como essa informação já foi totalmente banalizada pela editora e por todos aqueles que leram o livro, não me censurei. Agora estou defendendo o livro, em prol da editora que não soube vender o material (apesar da belíssima capa). Acredito que a leitura seria drasticamente diferente caso a citação do 11 de setembro não estivesse na contracapa do livro. Independente disso, o que realmente importa é que, depois todas as mudanças que ocorreram aos personagens durante esse ano de narrativa, eles nunca mais seria os mesmos. O 11 de setembro é meramente simbólico nesse sentido. É uma metáfora para simbolizar a brutal mudança que mesmo os atos mais sutis podem impulsionar na vida de alguém.

A interação entre aqueles personagens fez com que cada um deles mudasse internamente, afetando todas a sua volta, consequentemente.

Os Filhos do Imperador é um drama sobre pessoas. Sobre seus problemas, suas dúvidas, seus erros, seus acertos... É uma história sobre o ser humano contemporâneo – especificamente o norte-americano, mas sem se ater a esse, possibilitando a identificação de qualquer leitor. Acredito que cada um daqueles personagens principais vá despertar alguma sensação em quem leia o livro: pena, repulsa, inveja, solidariedade, respeito, admiração... Não apenas uma dessas palavras, mas várias, simultaneamente, umas se sobrepondo às outras, invariavelmente. Tudo para resultar em uma só que resume todas as outras: identificação."

Enfim, talvez tenho me alongado, mas espero ter passado uma imagem positiva da obra. Recomendo a leitura.

Título: Os Filhos do Imperador.
Autora: Claire Messud.
Editora no Brasil: Nova Fronteira.
Ano: 2008.
Páginas: 478.
Impressão: Brochura.

quinta-feira, 30 de junho de 2011

Foto

Não tendo ido na última aula de Fotografia Publicitária, fiquei de fora da combinação nova que incluía não uma, mas QUATRO fotos manipuladas, além da necessidade de entregá-las impressas. Ou seja, de nada adianta o que eu fiz. Vou precisar inventar quatro misturas de cores, e encontrar um lugar que imprima fotos. Vou ter que pagar para passar na cadeira. Só porque a professora quer fazer uma exposição com das fotos depois. Que legal.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Eulemanha

Como forma de adquirir parte da nota final para a disciplina de Fotografia Publicitária, a professora pediu que os alunos tirassem uma foto de si, para depois manipulá-la em algum programa de edição de imagens a fim de produzir um efeito similar ao da clássica caricatura de Marilyn Monroe realizada por Andy Warhol com no mínimo quatro cores, preferencialmente vibrantes.

A sugestão foi utilizar o Photoshop, e eu até tentei. Pela enésima vez, tentei usar o Photoshop, e é claro que não consegui nada. Não sei como a pessoas mexem nessa coisa. Sou ultrapassado tecnologicamente, talvez - nem com touch screen eu me dou bem. Corri atrás de outro programa, um mais simples, mais fácil. E não descobri. Foi minhã mãe que encontrou algo na linha que eu pudesse mexer. Na verdade, foi o acaso. Ela tinha ouvido falar em um programa de edição de imagens uns dias antes, e por acaso acabei por precisar de um programa nesses moldes dias depois da informação ter chegado até ela.

Eis como ficou o resultado:


Como podem ver, fiquei somente em quatro cores: preto, vermelho, amarelo e branco. Quase uma bandeira da Alemanha.

Ainda preciso tirar aquele "Please register" ali embaixo.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Como analisar um anúncio?

Pergunto-lhes, como analisar um anúncio? Ou melhor, como processar textualmente essa análise mental? O primeiro passo é encontrar um anúncio.

...

Feita tal obstinada escolha,

encontrado o anúncio, o próximo passo é sentar-se e manter os olhos em cima do mesmo por tempo indeterminado até digeri-lo em sua completude.
...
Feita a digestão “gestáltica” da imagem e percebida a estrutura da disposição interna dos objetos ali presentes, é hora de transcrever para o papel tudo de pertinente que se pensou durante esse processo digestivo metafórico.

1. Visual claro, clean, passa uma imagem calma, simpática da marca Lacta. O consumidor pode não ter sua atenção totalmente captada pelo anúncio, mas o visual clean do anúncio foi feito sob medida para evitar a rejeição de qualquer pessoa. Pode até não necessariamente agradar, mas com certeza não irá desagradar.

2. A disposição dos elementos que compõem o todo do anúncio, apesar de assimétrica, é bem ordenada, evitando que o olhar do consumidor se perca. O único elemento que foge um pouco da harmonia é o próprio logo da marca, pois, além de não cair na mesma linha horizontal que as outras palavras do anúncio, aparece muito próximo às figuras dos produtos, gerando certo desconforto visual, ainda que mínimo. O conjunto do anúncio funciona melhor, visualmente, excluindo-se o logo. O que não teria muito sentido, então que fique o logo. Dos males, o menor.

3. Nota-se uma grafia mais grossa nas primeiras palavras da frase: “5 novidades [...] você de boca aberta”. Tal opção se dá devido ao fato de a leitura visual do consumidor se iniciar por este ponto: o canto superior esquerdo. Assim, as palavras reforçam sua presença aos olhos do espectador, chamando mais ainda sua atenção.

4. O uso da fonte assimétrica para as letras funciona para deixar a mensagem mais descontraía.

5. E até se pode considerar isso como uma referência ao estado de êxtase que se tem ao comer um bom chocolate: os olhos fechados, ao mastigar devagar sem a menor preocupação, ao passo em que se geme lentamente um sutil “hum”. A expressão humana que denota prazer gastronômico. A assimetria da fonte, gerando letras grandes, médias e pequenas misturadas, com serifas caóticas, serve como espécie de analogia para esse estado de espírito humano.

6. A ideia da descontração também é reforçada pelo rosto (feminino) belo e jovem que ocupa praticamente todo o lado direito do anúncio.

7. A modelo foi escolhida a dedo, dá para notar, ainda que seus olhos não apareçam, o que é uma escolha inteligente, pois obriga o consumidor a se colocar no lugar daquela pessoa de boca aberta pronta para dar uma mordida. Com o produto sendo uma comida, nada mais justo.

8. Depois, a diagramação das palavras em cone, como que saindo da boca da modelo, além de aproveitar bem a foto, ao formar uma mensagem econômica propondo mais um uso para a boca aberta, aproxima o consumidor através de uma empatia com aquela figura humana. É “ela”, modelo/mulher, que está convidando ele, consumidor, para provar as novidades da Lacta, não o anúncio. Aprofundando um pouco mais, pode-se até associar arbitrariamente o nome “Lacta” à figura da modelo. Ou seja, é a “Lacta-pessoa” (símbolo) que está chamando, e não a “Lacta-empresa” (entidade). Tudo isso em nível inconsciente, claro.

9. E independente disso, ordenar as palavras de modo às duas primeiras frases serem compostas por quatro palavras ao passo que as duas últimas por três ajuda a criar uma harmonia ao campo geral do anúncio.

10. E formando uma tríade com a boca aberta para morder e as palavras saindo da mesma, o resto do texto completa a mensagem, pois ao brincar com o significado das palavras “aberta” e “fechada”, repetindo as mesmas, cria um efeito verbal para representar o ato de mastigar, sem a necessidade de usar qualquer onomatopéia. Do mesmo modo, alternar “aberta” e “fechada” não só horizontalmente, mas na vertical, evitando que a mesma palavra se repita sobre (acima) a outra, complementa o contraste visual da frase, pois reforça a ideia do mastigar, que obrigatoriamente se dá na alternância da boca entre “aberta” e “fechada”.

11. Finalmente, também em função da boca aberta do modo como está, o espectador mais pervertido pode até imaginar que o objeto a ser ali inserido não seja necessariamente um inocente bis, e mesmo isso pode incentivar a compra do produto.

Feita a análise de um anúncio.

Comentário

Recebi hoje um comentário que me incentivou a reviver esse blog. Assim o farei.

domingo, 28 de novembro de 2010

Voltando não do ostracismo, mas do Limbo.

Esse quarto semestre foi de longe o mais decepcionante de todos. Não o pior ou o mais chato (postos que ficam com o primeiro), mas o mais decepcionante. Estritamente esse adjetivo, por que foi o semestre que melhor começou, e pior terminou.

O início foi excelente. Todas cadeiras pareciam promissoras, os assuntos eram interessantes, bons professores. A exceção geram fica com Inglês Instrumental, que já começou um porre, mas vamos esquecer isso por enquanto. O fato é que Teorias da Comunicação, apesar de complicadíssima, parecia muito intrigante, um bem-vindo desafio, se posso falar isso. Comunicação e Cidadania era humano e fácil. E a eletiva História das Literaturas, no Vale, estava o máximo.

Era a melhor de todas. Gostei da professora, e do método de ensino usado, além, obviamente, do conteúdo estudado. Consegui ler o texto exigido para a primeira aula, e fui o aluno que mais comentou. Eu estava gostando e entendendo – o mais importante.

Então, a primeira tragédia. Trocam de professor. Já tinha passado praticamente um mês de aula, e os imbecis tiram a professora, e chamam outro cara. Enfim, que seja. Para o bem ou para o mal, o novo professor era ótimo. Com um porém: mudou completamente o plano de ensino, e eu perdi o pique. Não li os textos, e acompanhava as discussões muito superficialmente. Agora, na hora de fazer o trabalho final, fiquei boiando por horas até encontrar algo que eu pudesse usar.

O foda de ter um professor cabeça aberta é que ele deixa o trabalho muito tua conta. “Cara, tu que escolhe”, é o que ele nos diz. Legal! Mas sobre o que raios eu posso falar em um trabalho de uma cadeira tão ampla quanto História das Literaturas? Eu não sei. Ainda mais eu, que não li quase nenhum texto. É, me sinto um idiota. Eu poderia ter aproveitado muito mais a cadeira, e já estar com um trabalho foda em andamento. Até tive umas ideias boas para o trabalho. Pensei, com a sugestão do meu pai, em fazer algo relacionado a Cinema. Comparar o cânone literário com o cânone do cinema, como um influencia ou não o outro, ou por que o cânone do cinema é tão mais heterogêneo que o da literatura. Legal, né? É interessante, eu gosto. Perguntei para o professor se eu poderia fazer algo assim, e ele deu resposta positiva. Mas aí eu me dou conta que isso é tópico para uma monografia, no mínimo. E eu estou no 4º semestre, e detesto academicismo. Odeio mesmo. Se eu pudesse abolir todas as regras da ABNT, eu faria isso. Então, tá, vou ler mais alguns textos da disciplina para ver se algo surge.

Então, outra ideia: um ensaio sobre a recepção de Sherlock Holmes com o passar dos anos. As diferentes impressões que os públicos de diferentes épocas tiraram do personagem. É um máximo! Eu adoraria fazer essa pesquisa. Mas, de novo, é uma fucking pesquisa! É um trabalho grande, extenso. E eu tenho uma semana, UMA semana pra terminar essa coisa.

Pois é, que merda. Botei fora a chance de fazer algo bem feito e relevante. E agora? Não vou não entregar, e ser reprovado, e me afundar ainda mais naquele ordenamento de merda da UFRGS. Aliás, alguém entende como funciona aquilo? Tá, tente ir o melhor possível e blablabla, mas isso não responde a pergunta, e sim a inflama. Ninguém sabe explicar como operam as engrenagens dessa coisa chamada ‘ordenamento’. E detesto esse nome. E mais uma idiotice do negócio é que se, durante a matrícula tu cancela uma cadeira, tu cai no ordenamento. Entenderam? Eu disse DURANTE a matrícula. Tu te fode se tu ajeita tua matrícula durante o período de fazer isso. What’s the point?! Que seja, não é importante agora.

O que eu quero mesmo falar é que o semestre foi uma bosta.

Teorias da Comunicação também começou promissora, foda. Mas teve tantos feriados no terça-feira, que tu não tinha mais como acompanhar o ritmo da coisa. Eu entrei em ritmo de férias. Por que, porra, a gente não teve aula na terça por TRÊS SEMANAS SEGUIDAS. Assim não dá! Não tem como não entrar na vagabundagem nesse tempo. Tirei B- no primeiro seminário, e A- na prova (não sei como, já esqueci 90% da matéria), e agora falta saber a nota da análise de Cidadão Kane (note que, sendo menor que um B+, eu vou... fazer algo absurdo – ainda a decidir, falta saber a nota do segundo seminário, e ainda tem mais a segunda prova, e depois temos que analisar O Enigma de Kasper Hauser. Só eu e outro cara já tivemos aula com o Alexandre antes. E, tipo, o Alexandre é inominável. Ele é inteligente pra caralho, tem sei lá quantos pós-doutorados (na França), teve aula com o JACQUES DERRIDA, trabalhou COM a Elis Regina (não ‘fez um trabalho sobre’, não, ele de fato trabalho COM ELA), e não tem mais 35 anos – se ele é mais velho que isso, ele dorme em formol, por que, né. Então, eu já sabia o que estava por vir. O Alexandre sabe deixar a coisa interessante, por mais banal ou absurda que ela seja. O foda é que são tantas teorias EXCLUDENTES, que tu não sabe mais o que é certo e o que tá errado. Até que tu aprende que ‘certo’ e ‘errado’ são palavras inexistentes quando se fala em teorias da comunicação. Além disso, outra complicação é que tu não pode usar uma teoria pra completar outra, por que, bom, tu não pode.

Eu já não sei mais em que pé eu estou na cadeira. Com exceção do texto do seminário do meu grupo, sobre O Mundo Codificado (sacou?), eu só li UM dos outros textos desse segundo bimestre. Então é, pois é, tá complicado.

Pra completar a merda da situação, eu notei que eu tenho 7 As, 5 Bs e 6 Cs, e um FF de brinde. Ou seja, um currículo ridículo. Seis Cs. No início eu tava cagando e andando com conceitos e tal, mas agora eu noto que tirar o C no faculdade, mesmo tu sendo aprovado com essa nota, é a mesma coisa que tirar 4 no colégio. Ou seja, é uma nota que te reprova. Por que, sejamos honestos, só o símbolo C já é um símbolo pessimista, já te deixa pra baixo. É literalmente METADE de um círculo, metade de uma circunferência (palavras que não por acaso começam com um maldito C).

Estou querendo trocar de curso, mas o papai e a mamãe não gostaram da ideia. Disseram que o negócio de ter notar medianas é irrelevante, que no final ninguém perguntar quantos Cs tu tirou durante a faculdade; não vão nem perguntar se tu é da UFRGS ou não. Mas, cara, eu me sinto um IDIOTA. Não só pelas notas. Todo mundo que eu conheço faz algum estágio metido à besta. Mas, pra conseguir um estágio, metido à besta ou não, até agora, só já tendo feito um estágio antes. É assim, toda oferta de estágio que aparece é exigindo que tu já tenha “experiência”, que eu já tenha feito estágio antes. Como é que eu vou conseguir “experiência” se, para consegui-la, fazendo a porra de um estágio, eu preciso JÁ TER FEITO UM ESTÁGIO ANTES??? Isso é idiota, é ridículo, um ciclo vicioso. Mais: é um SOLIPSISMO. Palavrinha que descobri lendo a tradução da Crítica da Comunicação do Lucien Sfez. E se tu não fez Teorias da Comunicação, tu provavelmente não entendeu porra nenhuma do que eu acabei de falar. Anyway, isso é só pra expressar minha raiva, meu modo alongado e único de ligar o ‘foda-se’.

E por fim, o motivo de eu ter feito todo esse manifesto inútil de reclamações pessoais, é afiar a escrita, por que eu ainda preciso COMEÇAR a escrever o trabalho de História das Literaturas, cujo assunto abordado será a influência da Estética da Recepção nos estudos dos efeitos da comunicação de massa nos EUA. E eras isso. Agora já passou da 1h, o que é praxe pra mim, mas amanhã eu tenho que acordar cedo (antes das 11h), então não sei como vou fazer pra continuar a escrever sem adentrar na madrugada. Merda.

domingo, 14 de março de 2010

Mais 2 livros

Minhas últimas aquisições literárias:

1) Ensaios Céticos, de Bertrand Russell


Uma seleção de ensaios sobre como o ceticismo pode revolucionar o modo de vida humana. Talvez soe um tanto exagerado - concordo -, mas fazia tempo que eu queria ler alguma coisa desse grande pensador, filósofo, lógico, matemático, e vencedor do prêmio Nobel de literatura em 1950, então essa edição pocket me pareceu interessante. Ensaios Céticos. Veremos. Ah, observação: entre outras coisas, Bertrand Russell era grande admirador de Joseph Conrad <- Esse cara foi um dos maiores romancistas e o maior cético de seu tempo. Foi ele que escreveu Coração das Trevas, livro que inspirou Francis Ford Copolla a fazer Apocalypse Now. Li o livro e vi o filme. Vi o filme primeiro. Li o livro depois. O livro é de 1906. O filme é de 1979. O livro é arrastado. O filme é arrastado. O livro é melhor. Eu não gostei muito do filme. *Ok amigos cinéfilos, a vez que eu vi Apocalypse Now praticamente não deu para assistir ao filme corretamente, por isso, talvez por isso, eu não ache esse filme tão fantástico quanto a maioria dos amantes do cinema.

2) O Macaco Nu, de Desmond Morris


Clássico da literatura científica na área das ciência biológicas e comportamentais, O Macaco Nu é bem 'um estudo do animal humano', como diz o subtítulo. Professores de biologia já me indicaram esse livro e agora que saiu uma nova edição legal por 27,90, não resisti. Às vezes se encontra gente que ainda pensa que o homem não é familiar hereditário dos chimpanzés e companhia. Pois bem, nós somos! O Macaco Nu do título somos nós.

quinta-feira, 11 de março de 2010

História X Publicidade

Hoje foi a primeira aula da cadeira eletiva de História que eu estou fazendo. História Moderna I. É de noite, das 18h30 até 21h50, no Campus do Vale, o mais longínquo de todos, e a cereja do bolo: é cheio de pessoal da História. Eu não tenho nada contra História. Era uma das minha matérias preferidas no colégio, e minha maior nota. No entanto, quando se passa para zona acadêmicas da História, complica. Os historiadores são 99% deles esquerdistas. Mas não esquerdistas-normais (se é que esses existem), mas os historiadores são esquerdistas-maníacos-odiadores-do-capitalismo-e-detestadores-dos-publicitários. Eu sou o único publicitário ali, então... Ai! Não recebi olhares raivosos ou ameaças de morte, mas não sei como vai ser essa aula. Realmente, estou um pouco assustado.

terça-feira, 9 de março de 2010

Introdução à Filosofia da Linguagem

Finalmente encontrei mais um exemplar do livro Introdução à Filosofia da Linguagem, do italiano Carlo Penco - foi na Saraiva do Praia de Belas. No primeiro semestre da faculdade eu sofri muito com a maldita Semiótica, e até agora não entendo o negócio direito. Esse livro parece, PARECE a solução para os meus problemas. Veremos no que resulta essa aventura.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Sr. Futuro, e aí?

Esses dias, uma amiga minha começou a conversar comigo sobre futuro profissional. As aulas das nossas faculdades começaram hoje. Eu não estava nem me ligando para o assunto, mas desde que falei com essa minha amiga, não paro de pensar. Está bem, acabo a faculdade de publicidade, e aí? O que vou fazer? Quase todos meus colegas fazem estágio ou trabalham. Eu não. Eu não fazia estágio por que não estava no terceiro semestre, e aparentemente tu antes do terceiro semestre nem estagiário=nada é (ou seja, tu é uma soma negativa de vida). Agora eu estou no terceiro semestre. Quase. Eu não fiz nem metade das cadeiras obrigatórias para o segundo semestre durante o segundo semestre, então agora, no terceiro, estou na prática, ainda no segundo. Legal.

Vamos supor que eu consiga um estágio... Espera, eu não consigo. Eu não sei mexer em Photoshop, então eu nunca vou conseguir um estágio, por que todos estágio de publicidade do mundo querem que tu saiba mexer em Photoshop - mas um Corel quebra o galho. Legal.

Então o que eu faço?

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Malandragem & Nostalgia

Hoje eu fui ver Toy Story no CINEMA EM 3D!! O primeiro filme da Pixar, primeira animação em computador da História, agora relançada nos cinemas em 3D. Eu não podia perder. Fui na estréia. Ou re-estréia! Foi altamente divertido e nostálgico, e a companhia não deixou a desejar também. Ainda acho que o curto curso de cinema de cinema que eu fiz na segunda semana desse fevereiro de 2010 foi uma das melhores coisas que aconteceram na minha vida dos últimos anos. O dia foi um prato cheio: eu vi Toy Story no cinema, vi Toy Story no cinema em 3D, e depois tive altos papos com um pessoal bem legal.

E a malandragem é por que eu adicionei como autor aqui a minha outra conta do Google. Sim, eu tenho duas contas do Google, uma com o e-mail e outra com o orkut, é uma confusão do caramba, mas na época foi o que aconteceu. Enfim, com o problema de sempre precisar trocar de uma conta para outra, nada prático, agora eu posso entrar e sair daqui sem a menor incomodação, o que é um alívio!

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Voltando do ostracismo!

Vergonha. Que vergonha! Nossa, que vergonha a minha em ter abandonado esse blog por tanto tempo. Tornou-se realidade uma das maiores dualidade dos mundo: o aprendiz superou o mestre. O blog que eu fiz depois deste sugou toda minha atenção, e novo matou o velho. Desde de novembro que não escrevo nada aqui. Isso vai mudar. Mas também vai mudar a premissa do Diário Conspiratório. Enquanto meu outro blog, o Fakeline, se encarregará das minha opiniões sobre cinema e arte em geral, o DC será o meu espaço mais pessoal. Pouco importando a quantidade de visualizações por dia. Uma versão do Twitter com posts maiores do que 140 caracteres. Praticamente um diário. É o que a minha conspiração diária será de agora em diante. Sei que pelo menos uma leitora eu terei.

Estou de volta, e desta vez é para ficar.