quarta-feira, 22 de abril de 2009

Em Defesa do "Em Defesa da Propaganda" [2]

Isso era para ser apenas um comentário adicional aos meus argumentos presentes na postagem anterior em resposta à crítica que recebi. Mas visto o tamanho da mesma, uma postagem me pareceu mais adequada do que apenas mais um comentário
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E para já deixar claro o erro de tradução do título do livro citado, ‘advertising’ é publicidade em inglês; e ‘propaganda’ é propaganda (por que complicar as coisas?!). E não, publicidade e propaganda não são a mesma coisa; a primeira se liga ao conceito de produto, a segunda ao de idéia. Logo, quando se é dito ‘Em Defesa da Propaganda’, deve ser entendido ‘Em Defesa da Publicidade’
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“necessidades artificiais que substituem as reais - as quais o capitalismo não é capaz de satisfazer” – disse Toti, em meio a vários outros apontamentos
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Eu sabia que uma hora ou outra um esquerdista iria ler meu texto e chegar para promover seu desgosto ao capitalismo. Nada contra. Tudo bem, cada um com suas crenças. Uns são realistas, outros sonhadores. Eu sou um realista; um ser humano capitalista vivendo em um país capitalista em mundo capitalista cheio de outros seres humanos capitalistas. Entendo que esse mundo capitalista é mais ou menos que uma merda, mas ainda sim, ele é uma merda. Pode-se empregar a conjugação do verbo no presente do indicativo, isto sendo uma indicação de que ele existe. E existi por que existe, por que somos assim e durante séculos construímos esse mundo. E como era de se esperar, pois é comum da natureza humana, surgiu uma segunda opção: o socialismo. Porém, uma vez que este visa desconsiderar o conceito de propriedade, tornou-se inviável sua aplicação. Pois digo que desde que o índio olhou para a maçã e disse: “É minha!” o ser humano nunca mais vai se desvencilhar dessa realidade de posse.
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Dito isso, vivendo nessa realidade de posse, consequentemente há a realidade da compra e da venda. Pois bem, para se vender alguma coisa, alguém tem vender ‘algo’ para um outro alguém que queira comprar esse ‘algo’. E para isso é preciso propagar a notícia de que se quer vender ‘algo’. Somente assim, o sujeito que quer vender ‘algo’ consegue a publicidade necessária para que a notícia da existência de seu ‘algo’ chegue ao conhecimento do sujeito que quer comprar tal ‘algo’. Também, uma vez que o mesmo ‘algo’ passa a ser produzido e vendido por diferentes pessoas, essas querem que seu ‘algo’ seja mais conhecido e tenha mais destaque na mídia do que o ‘algo’ de seus concorrentes, para, deste modo, vender mais que eles e, por conseguinte, ganhar mais (o que é a lógica do ‘sistema’). E essa missão de propagar a notícia é o que faz a publicidade.

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Em Defesa do "Em Defesa da Propaganda"


-Tendo sido solicitado para a nota da cadeira de Teoria e Prática da Comunicação Publicitária uma versão escrita da minha apresentação no primeiro seminário que participei na vida, aqui publico tal texto. Espero que os transeuntes que por aqui passarem deem uma lida, mesmo que rápida. Tentei dar um toque mais coloquial no argumentos presentes no texto original de Jerry Kirkpatrick. Postem aí comentários e críticas (tanto positivas quanto negativas - detesto trabalhar no escuro). Digam se é inteligível o que escrevi, digam se consegui passar a ideia principal sobre o assunto. Aí vai:




*A Propaganda subliminar supostamente “ilude e manipula”* > primeiro tópico do terceiro capítulo, de título 'O suposto poder coercitivo da Propaganda'


-Deste assunto já condensado por Jerry Kirkpatrick em quatro páginas, as primeiras do terceiro capítulo de seu livro ‘Em Defesa da Propaganda’, não há muito que acrescentar. [nota-se que o título em português foi mal traduzido; matéria para uma próxima postagem]


-Inspirada na psicologia freudiana, a acusação que Kirkpatrick rebate e desmente tão bem é a que os críticos mantêm de que a propaganda supostamente ilude e manipula o consumidor. E infelizmente, essa acusação ganhou muita popularidade.


-Um dos motivos dessa popularidade da acusação, de acordo com Kirkpatrick, é resultado “da inabilidade de muita gente em identificar a natureza e as causas de suas emoções”, e devo dizer que concordo. Digo, se esse é de fato um dos motivos da popularidade da propaganda, não tenho como afirmar (embora eu também concorde com isso), mas certamente o autor está certo quanto a ‘inabilidade’ citada. Sempre que alguém compra alguma coisa, não usa e reclama, a “culpa” é sempre da propaganda. Comprou por que quis! Ou agora a culpa é minha se o sujeito não pensa direito antes de torrar o salário na primeira coisa que vê pela frente?! Não, não é! A culpa é dele e somente dele. A propaganda de um produto aponta um revolver para ti e ordena: ‘Me compre!”? Não, é claro que não.


-Kirkpatrick afirma também que grande parte da popularidade que acusação ganhou se dá no mau uso da palavra ‘subliminar’. Pois bem, vejamos: “Subliminar: diz-se de estímulo indireto que atua no subconsciente”. Então, de acordo com esse significado de ‘subliminar’, presente no dicionário Houaiss, qualquer um pode tirar suas próprias conclusões quanto ao uso certo ou errado do termo. E, relevando a já citada inabilidade de muita gente em saber o que pensa, não seria estranho pensarmos que essas mesmas pessoas não soubessem o correto significado de ‘subliminar’.


-Outro fator relevante no contra-ataque à acusação, aliás, o principal fator, o melhor argumento para “quebrar a cara” de quem (pensa que) se sustenta com a crítica da propaganda subliminar ‘ilusionista’ e ‘manipuladora’ se baseia na seguinte contradição: uma vez que a noção de percepção subliminar é a “capacidade de perceber alguma coisa que está abaixo do nosso limite de percepção”, o conceito não é válido, já era. Como raios alguém pode acusar algo de manipular o subconsciente das pessoas se esse alguém estaria também a mercê desta ‘manipulação subliminar’ e, logo, não poderia ter conhecimento da existência da mesma?


-Por fim, pode-se concluir que essa acusação sobre o suposto poder subliminar da propaganda não passa de uma crítica infundada que se autodestrói com seus próprios argumentos contraditórios entre si.