segunda-feira, 6 de abril de 2009

Em Defesa do "Em Defesa da Propaganda"


-Tendo sido solicitado para a nota da cadeira de Teoria e Prática da Comunicação Publicitária uma versão escrita da minha apresentação no primeiro seminário que participei na vida, aqui publico tal texto. Espero que os transeuntes que por aqui passarem deem uma lida, mesmo que rápida. Tentei dar um toque mais coloquial no argumentos presentes no texto original de Jerry Kirkpatrick. Postem aí comentários e críticas (tanto positivas quanto negativas - detesto trabalhar no escuro). Digam se é inteligível o que escrevi, digam se consegui passar a ideia principal sobre o assunto. Aí vai:




*A Propaganda subliminar supostamente “ilude e manipula”* > primeiro tópico do terceiro capítulo, de título 'O suposto poder coercitivo da Propaganda'


-Deste assunto já condensado por Jerry Kirkpatrick em quatro páginas, as primeiras do terceiro capítulo de seu livro ‘Em Defesa da Propaganda’, não há muito que acrescentar. [nota-se que o título em português foi mal traduzido; matéria para uma próxima postagem]


-Inspirada na psicologia freudiana, a acusação que Kirkpatrick rebate e desmente tão bem é a que os críticos mantêm de que a propaganda supostamente ilude e manipula o consumidor. E infelizmente, essa acusação ganhou muita popularidade.


-Um dos motivos dessa popularidade da acusação, de acordo com Kirkpatrick, é resultado “da inabilidade de muita gente em identificar a natureza e as causas de suas emoções”, e devo dizer que concordo. Digo, se esse é de fato um dos motivos da popularidade da propaganda, não tenho como afirmar (embora eu também concorde com isso), mas certamente o autor está certo quanto a ‘inabilidade’ citada. Sempre que alguém compra alguma coisa, não usa e reclama, a “culpa” é sempre da propaganda. Comprou por que quis! Ou agora a culpa é minha se o sujeito não pensa direito antes de torrar o salário na primeira coisa que vê pela frente?! Não, não é! A culpa é dele e somente dele. A propaganda de um produto aponta um revolver para ti e ordena: ‘Me compre!”? Não, é claro que não.


-Kirkpatrick afirma também que grande parte da popularidade que acusação ganhou se dá no mau uso da palavra ‘subliminar’. Pois bem, vejamos: “Subliminar: diz-se de estímulo indireto que atua no subconsciente”. Então, de acordo com esse significado de ‘subliminar’, presente no dicionário Houaiss, qualquer um pode tirar suas próprias conclusões quanto ao uso certo ou errado do termo. E, relevando a já citada inabilidade de muita gente em saber o que pensa, não seria estranho pensarmos que essas mesmas pessoas não soubessem o correto significado de ‘subliminar’.


-Outro fator relevante no contra-ataque à acusação, aliás, o principal fator, o melhor argumento para “quebrar a cara” de quem (pensa que) se sustenta com a crítica da propaganda subliminar ‘ilusionista’ e ‘manipuladora’ se baseia na seguinte contradição: uma vez que a noção de percepção subliminar é a “capacidade de perceber alguma coisa que está abaixo do nosso limite de percepção”, o conceito não é válido, já era. Como raios alguém pode acusar algo de manipular o subconsciente das pessoas se esse alguém estaria também a mercê desta ‘manipulação subliminar’ e, logo, não poderia ter conhecimento da existência da mesma?


-Por fim, pode-se concluir que essa acusação sobre o suposto poder subliminar da propaganda não passa de uma crítica infundada que se autodestrói com seus próprios argumentos contraditórios entre si.

14 comentários:

Iporã Possantti disse...

Eu nunca havia pensado por esse lado!
É verdade que ninguém é obrigado a ser idiota, mas acontece que existem MUITOS idiotas: e aí a propaganda pode se tornar perigosa.

Torquato disse...
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Torquato disse...
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Guilherme Huyer disse...

Visto o tamanho da crítica contra a minha crítica a respeito da crítica que critica justamente a crítica que me critica (presente no texto do livro citado), achei mais adequado alongar minha resposta em forma de mais uma postagem.

O Homem Bom disse...

"Com todo o respeito que se merece o autor, essa crítica não tem qualquer conteúdo mais profundo."
Como já diria um bom positivista, PROFUNDIDADE É PARA SUBMARINO.

O Homem Bom disse...

E Toti, não vamos se esquecer que a gente adoooooora dizer como o mundo é injusto (e é por isso que nós ganhamos nosso $$!!! :D), mas é graças à luta de classes que nós temos nossas garantias de liberdades. Não digo isso por mim, mas por Norberto Bobbio, que citando Maquiavel desenvolve que "[...]Maquiavel faz uma afirmativa destinada a ser considerada como uma antecipação da noção moderna da sociedade civil, segundo a qual a condição de saúde dos Estados não reside na harmonia forçada, mas sim na lusta, no conflito, no antagonismo (mais tarde dir-se-á: no processo histórico - que correspodem à primeira proteção da liberdade [...]".
E por mais que eu não possa falar mais sobre profundidade, acho que não precisamos mais criticar o capitalismo, e sim tomar alguma atitude contra as INJUSTIÇAS do sistema, que uma vez que a injustiça se dá num âmbito econômico (que existe a partir da venda de um poder), é inevitável que ela exista até na mais utópica cidade de Bakunin ou Platão. Ela apenas deve ser corrigida pelo direito e pelo sistema judiciário (oba!).

O Homem Bom disse...

Complemento: A Injustiça deve ser corrigida pelo sistema judiciário, e não pelo econômico. Afinal, já que a injustiça É econômica é no mínimo ingênuo (pra não dizer ridículo) crer que a economia vá sanar esses problemas através de soluções próprias. Além disso... Por experiência própria (analisando aulas de Economia e livros de Economia), nota-se um foco na Economia: a sociedade, e não o indivíduo. Bom, não quero entrar no mérito do Maquiavel de novo, mas só acho que temos que parar com esse pensamento infantil de que todas as políticas de Estado devem beneficiar a todos. Isso é o que a própria Economia por si só tenta encontrar, mas à minha ótica, é impossível.

O Homem Bom disse...

Vejamos: 1) Já diria Mikhail Bakhtin que a mera escolha das palavras já é atribuição do indivíduo que as profere, portanto, toda a informação já é manipulada, o que também quer dizer que não existe informação neutra; 2) A luta de classes é a garantia dos nossos direitos sociais, então, permitam-me os Deuses que eu nunca viva numa sociedade harmônica (aos moldes de Maquiavel); 3) Um ponto em que é possível se argumentar, mas acho cinismo demais jogar tudo isso pra cima do capitalismo. Não é um problema do sistema em que vivemos. É um problema de espécie. A espécie humana busca poder, e toda política em torno disso é absolutamente repugnante (agora, já é opinião minha e pura especulação, mas não é só a sociedade humana que busca o Poder, são todos os animais que o buscam. Nós humanos, atribuímos o "capital" a quem tem muito poder. Como já diria aquele ditado inglês: "O babaca e o dinheiro logo se separam." Quer dizer, não é preciso ter dinheiro para ter poder, mas é preciso ter poder para ter dinheiro. Salvo raras exceções, a última que eu me lembro era Diógenes, o Cínico (Atenas, 412-323 BC).); 4) A brutalização das massas não é nada senão uma questão cultural. Pensai então, se uma campanha "TROQUE SUA COCAÍNA POR UM LIVRO" faria sucesso; 5) O capital financeiro não busca nada. Quem buscam são os capitalistas, pois eu ainda não me encontrei com o Capital. Gostaria muito de conhecê-lo me apresenta? Essa religião que louvamos (sim, nós louvamos o capitalismo, afinal ele é mais interessante que Deus, até porque "pagando-nos bem, que mal tem?"), ela é apenas uma forma de atribuição de poder na qual legitimamos quem tem muito dinheiro. O problema é que esse dinheiro só é utilizado para se gerar mais dinheiro, e não justiça. Mais uma vez, o problema não é do sistema. É da espécie; 6 & 7) Política - definição - é toda a luta em torno do poder. A própria política já é manipulação. A própria escolha de palavras já é manipulação. Infelizmente, vivemos numa realidade em que não é nem "Ou manipule OU seja manipulado", é "Manipule E seja manipulado". Quer uma prova? Qual discurso não vai por água a baixo diante duma arma apontada para nossa cabeça? Poder de fogo é manipulação... Até Galileu disse que a Terra é o centro do Universo, não foi?

Torquato disse...
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Torquato disse...
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O Homem Bom disse...

Faz assim.
Não tou legal para escrever agora. Me adiciona no msn pra gente deixar de trocar mensagens quase agressivas atacando um ao outro ao invés de analisar o que o outro tem a dizer. Creio que poderemos nos entender melhor.
colono.pedro@hotmail.com


A partir de agora, o interesse é teu.

O Homem Bom disse...

E só um adicional...
Eu ainda tenho que encarar muita leitura pela frente... Cometo erros graves de contextualização. E eu te aconselharia o mesmo, Toti. Para falar de Marx, cite toda a bibliografia que o próprio leu. Nós estamos falando dum verdadeiro gênio da sociologia e de um discurso complicadíssimo. Não é qualquer discursito neoliberal em que ao ler A Riqueza das Nações já se sai aplicando... E tem o bom e velho problema da atualização... O discurso de O Capital é tão complicado que ainda não se deu uma atualização para os dias de hoje (ainda bem que não é uma atualização pro passado, né?). Embora eu ache que eu possa fazer meu doutorado em economia baseado em O Capital, creio que eu ainda não tenha condições NENHUMAS de entender tal obra. Assim como qualquer pessoa que não tenha profundos conhecimentos de sociologia, direito, filosofia e economia. Não vamos transformar um belo discurso em planfetagem, ok?

Torquato disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
O Homem Bom disse...

Só venho aqui hoje pelo chamado do Huyer. É como disse, não posso discutir com alguns problemas na minha vida. Tenho que resolvê-los antes, portanto, Toti, se tu julgas conveniente já me condenar medroso, o faça. Não me importo, mas se quiseres construir algo para tua militância, já deixei meu msn.