quarta-feira, 15 de outubro de 2008

E o Carro? - Por Iporã Possantti

 Eu vejo da janela da minha sala, em dias sem nuvens no céu e pouca humidade, a cidade de Porto Alegre coberta por uma névoa fina e escura, que forma uma espécie de "cúpula" sobre o conjunto de edificações humanas. Essa fumaça é a poluição atmosférica, uma mistura de gases tóxicos ao ser humano, principalmente dióxido de carbono (CO2) e monóxido de carbono (CO), também conhecida por "Smog".
Quem mora em Porto Alegre, fique feliz pois a nossa querida cidade é a capital mais arborizada (ou seja, tem mais árvores) do Brasil. Mas mesmo assim continua lá, o Smog. E ele está crescendo.


As metrópoles industriais do mundo inteiro sufocam.

O Smog é gerado pelos resíduos expelidos pelas indústrias e, principalmente, pelos automóveis. Pela manhã, quando espero o meu ônibus, eu observo os carros passando em direção ao Centro. É impressionante, pois a cada 10 carros que passam apressadamente por mim, apenas 1 deles está com mais de um assento ocupado -  os outros nove (90%) só portavam seu motorista. Isso é significativo. O automóvel está se tornando absolutamente individual. Toneladas de lata e parafusos para um simples humano. Se todos os seres do planeta possuirem um automóvel, serão 6,6 bilhões de carros. Consegue imaginar? Agora considere que as pessoas troquem de carro uma vez por ano. A quantidade de lixo metálico vai ser sem precedentes. 
A cultura de comprar automóveis e de vender o último e adquirir um novo é um problema mundial. São os automóveis, junto com seus motoristas ignorantes que ajudam a transformar as cidades industriais em um caos. Não adianta alargar as avenidas, logo estarão entupidas de carros. Os "engarrafamentos" são extremamente comuns nos centros urbanos. 


Os automóveis à combustão vão muito além de transporte. São vistos como "Status" e usados para exibicionismo.

A Humanidade têm se aglomerado de maneira acelerada nos últimos 200 anos. A indústria, impulsionada pelo capitalismo financeiro, fez que contingentes enormes de pessoas migrassem do interior para a cidade em busca de expectativa de vida.
As fábricas possibilitaram todos os tipos de negócios ao seu redor e as cidades até hoje continuam a crescer. Os meios de produção, concentrados da maneira que estão é que mantêm as cidades; sem eles reunidos nos centros capitalistas, nós teríamos uma vista diferente do mundo. 
A população precisa dos meios de produção, logo está sujeita a morar nesses centros econômicos. Para chegar ao seu local de trabalho, milhares de pessoas deslocam-se por dia de seus bairros residencias. Muitas vezes, para ficar mais próximos do Centro, elas "empilham-se" dentro de cubículos dentro de blocos e prédios onde a qualidade de vida é degradante.


Resultado da Revolução Industrial: um "formigueiro" humano.

 A poluição do ar, junto com a do som e da visão transformam a cidade em um lugar estressante mesmo estando parado. Enquanto aquelas classes afastadas, que migram para as jornadas de trabalho diárias, enfrentam um grande desafio: o Trânsito.

 
A grande ironia é que a maioria dos carros no trânsito transportam apenas seu motorista.

Os carros à combustão são os maires contribuidores para a maior ameaça à espécie humana: o aquecimento global. As Corporações do Petróleo descobriram uma maneira de fazer dinheiro e, de quebra, extinguir a nossa espécie. São os carros que, em um ritmo muito avançado, destroem centenas de ecossistemas, alteram os bioclimas, derrubam cidades, causam guerras, doenças e todas as conseqüencias do excesso de Carbono na atmosfera. Além dos efeitos internos, como alta mortalidade nos acidentes de trânsito. 

O aquecimento da biosfera é inquestionável e está mostrando suas conseqüências em todo o globo. Por exemplo: com maior índice de evaporação dos oceanos, os furacões e catástrofes como o "Katrina" têm aumentado cada vez mais. Lagos enormes no continente Africano e Asiático secaram completamente. Se as geleiras continuarem a derreter nas montanhas do mundo todo, milhares de rios irão secar. O nível do mar já inundou ilhas do Oceano Pacífico, fazendo suas populações migrarem para a Nova Zelândia. A fome provavelmente irá aumentar com o aquecimento. Sinto informar, mas a "Era das Conseqüências" começou faz muito tempo. 


O Furacão Katrina é um exemplo das catástrofes causadas pelo aquecimento global.
 
A área ocupada por um carro é um terço da área de um ônibus. Um carro comporta no máximo 5 pessoas, suponha que um ônibus leva confortavelmente cerca de 30 pessoas sentadas (na verdade são 45). Experimente retirar 30 pessoas de seus amados automóveis e coloque-as dentro de UM ônibus. Sobrará espaço no trânsito para mais SEIS ônibus, ou seja, para mais 180 pessoas sentadas. Os transportes coletivos disponíveis a nós como os Ônibus e Lotação resolvem em muito a questão do trânsito e da poluição, por isso, dê preferência a eles.

Dê prefêrencia aos Ônibus e Lotações: eles ocupam menos espaço em relação aos carros.

Entretanto é preciso um profundo planejamento para possuir uma eficiente rede de trasportes. O primeiro quesito é a supremacia do transporte coletivo. O segundo é como estes vão interagir uns com os outros. Um sistema de Capilares é o ideal. Como o sistema sanguíneo, os transportes coletivos podem se dividir em: 

- curtas distâncias (como entre os bairros de uma cidade) - este exiria pouco gasto de energia e pouca velocidade (bondes circulares, por exemplo);
- médias distâncias (entre as zonas da cidade) - possivelmente os ônibus que conheçemos, porém elétricos;
- e longas distâncias (através da cidade) - trens não poluentes e silenciosos. 


Trens como esse deveriam substituir as grandes avenidas e grandes rodovias

Graças à essas mudanças, a necessidade de aglomeração urbana perderia completamente o sentido. Muitas ruas podem deixar simplesmente de existir e transformar-se em área pública voltada para o lazer e arborização. Com um sistema de Capilares eficiente e  uso generalizado de bicicletas, é provavel que eu não veja mais o Smog da janela da minha sala. 



9 comentários:

Guilherme Huyer disse...

Daí aparece alguém e diz: "Mas é muito caro.". Honestamente, e me desculpem o palavreado, foda-se o 'muito caro'! Caro é pagar mais por algo que vale menos! Hoje, os automóveis movidos a gasolina, e variantes poluentes do mesmo combustível, causam dano e degeneram algo que vale muito mais que um punhado de dólares. Não há valor monetário que substitua a humanidade.

O Homem Bom disse...

Pra ti Huyer, não pro mega empresariado... Que infelizmente, se quiserem, podem comprar as nossas opiniões.

Unknown disse...

Uma campanha de incentivo à carona seria o máximo. Na melhor das hipóteses, reduzir-se-ia o número de carros nas ruas para um quarto do atual. Ou um quinto, se o pessoal se apertasse um pouquinho.

E que tal o projeto do metrô em Porto Alegre? Não amenizaria o problema?

Iporã Possantti disse...

Olha, eles podem comprar até mesmo a opinião de muitas pessoas, mas a natureza simplesmente não sabe o que é dinheiro. Todo mundo está sujeito às suas respostas.

Iporã Possantti disse...

Certamente o metro é ideal. Só não pode ser algo certo em cima de um sistema errado. Não adianta mudar a cidade sem mudar seus cidadãos.

E fora toda a questão rodoviária.

Guilherme Huyer disse...

Antes tinha outra desculpa esfrarrapada: "O solo de Porto Alegre é muito duro". Brincadeira. Granito é duro sim, mais que outras rochas, mas isso não impede o perfuramento do mesmo. O metro é perfeito para resolver o problema. Sem contar nas ferrovias movidas a magnetismo; que são o futuro do sul já no presente do norte.
Mas é verdade o que o Iporã disse no comentário acima: "Só não pode ser algo certo em cima de um sistema errado. Não adianta mudar a cidade sem mudar seus cidadãos.".
Infelizmente, parece que é o que vai acontecer.

O Homem Bom disse...

Bom.
A Natureza pode ser incomprável, incorruptível e imparcial.
Mas não os meios de evitar sua degradação. Assim como as soluções para os problemas que isso acarretaria.

Baltazar disse...

Que porto alegre precisa de um mêtro, é fato.
só falta achar um politico pra fazer isso, hãm?
daqui a pouco porto alegre vai estar que nem são Paulo, passando por rodizios de placas!

Guilherme Huyer disse...

Rodízio de placas eu não acho assim de tão ruim. Aliás, fora a complicação inicial até que se tornasse rotina, creio que esse rodízios são ótimos. Já deveríamos tê-los integrado à Legislação da cidade. Eles não o são problema; o problema é precisar deles.